terça-feira, 29 de março de 2011

Transporte de eólicas é complicado

Transportar pás eólicas em vagões especiais de Natal a Ceará Mirim, região metropolitana, não será tão fácil. Segundo o superintendente da seccional potiguar da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Erli Bastos, é necessário intervir  no trecho que acompanha a malha ferroviária. Intervenções, que segundo ele, demandam tempo, recursos e apoio logístico. “Transportar as pás eólicas em pranchas não seria uma tarefa fácil devido as problemas de logística”, afirma. A necessidade foi apontada por um estudo elaborado pela CBTU. Nas últimas semanas, a companhia analisou aproximadamente 15 curvas no trecho, algumas bastante acentuadas, e constatou que seriam necessários retirar árvores, diminuir a área de algumas residências e demolir  muros de entrada e saída de estações de trem. Algumas residências, construídas a menos de 3 metros da malha viária, diminuiriam de área, segundo ele.

divulgaçãoTransporte do porto até o local de montagem é feito por carretasTransporte do porto até o local de montagem é feito por carretas
 
A  equipe técnica do órgão fotografou e mediu todas as curvas e simulou o desempenho das pranchas (vagões especiais) em cada uma delas.  “Se tivéssemos uma linha reta, diria pronto, é só arranjar as pranchas. Mas temos muitas curvas, algumas bastantes acentuadas”. Mesmo após as intervenções, a equipe técnica da CBTU ainda precisaria encontrar uma forma de fixar as pás eólicas nas pranchas (vagões especiais cedidos ao RN). Na teoria, as pás, que podem medir de 43 a 50 metros e pesar até 12 toneladas, seguiriam em pranchas de 18 metros de comprimento, sendo necessárias três pranchas para cada pá. “Ainda não sabemos como segurar as pás em cima das pranchas”, confessa.

As pás, que não poderiam ser totalmente fixadas nas pranchas, se deslocariam nas curvas, chegando a atingir árvores, muros e algumas residências próximos ao trecho, ocupando um espaço nem sempre disponível. Para complicar a situação, a CBTU ainda não sabe de onde sairão os vagões especiais nem quando chegarão ao Estado. Segundo Erli,  a administração central da CBTU não possui este tipo de equipamento, embora autorize a operação. “Nosso foco é o transporte de passageiros. Não temos equipamentos para o transporte de cargas”, voltou a dizer. Para ele, transportar as pás em carretas, como já ocorre, seria mais barato. “Talvez seja mais viável continuar transportando as pás pelo sistema rodoviário”, afirma.

O superintendente da CBTU volta a reclamar da falta de apoio e afirma que está “vendo muita dificuldade”. Apesar disso, diz que o órgão está a disposição do governo.  A possibilidade de transportar as pás em trens, segundo ele, precisa ser mais discutida. Analisada com mais cautela. “Estamos vivendo um dilema. Não sabemos o que fazer. Encontramos dificuldades no transporte das pás em vagões. A CBTU se preocupa. Quer ajudar. Mas não tem apoio”.

Governo vai montar um comitê estadual de logística

Segundo o secretário Benito Gama, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a governadora criará um Comitê Estadual de Logística para tratar dessas questões. Segundo ele, o Governo do Estado quer transportar as pás eólicas em vagões especiais. Só não formalizou o pedido a CBTU. O ministro Alfredo Nascimento, do Ministério dos Transportes, já autorizou a operação. “A questão já foi resolvida em âmbito nacional. Falta se reunir com os representantes da Codern e CBTU e formalizar a proposta”. Benito informa que o próximo passo será agendar uma reunião com os representantes da CBTU e da Codern, responsável pelo Porto de Natal.

“Vamos agendar uma reunião para decidir como fazer isso. Existe vagão, existe trem, existe trilho, só falta gente de boa vontade”. Benito não soube informar se o pedido de vagões especiais foi formalizado pelo governo do estado. A intenção, segundo Benito, é transportar pelo menos uma parte dos equipamentos em vagões especiais. O restante será transportado em carretas, como já ocorre. Ele informou que a Secretaria de Infraestrutura do RN cuidará das intervenções no entorno da malha viária que liga Natal a Ceará Mirim. “Acredito que ‘reformar’ a cidade seria mais caro do que ‘reformar ‘este trecho”.

A possibilidade de transportar componentes de turbinas eólicas em vagões pelo sistema ferroviário foi levantada durante reunião entre a governadora Rosalba Ciarlini e o ministro Alfredo Nascimento no início do mês. Na ocasião, o diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, também presente, disse que o órgão faria a cessão dos vagões para o governo.
 
Da TN

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